JAI GURU OM

domingo, 17 de março de 2013

RECEBO O DIPLOMA UNIVERSITÁRIO


Patandjáli

Patanjali (em sânscrito: पतञ्जलि , Patāñjali) viveu entre 200 a.C. a 400 d.C.. O cometário de Vyasa o define como descendente de Santanu.
Existem diversas lendas sobre o mesmo como sendo ele uma encarnação do deus serpente Ananta, ou meio homem meio serpente, ou ainda uma serpente que desejando ensinar o yoga ao mundo, caiu (pat) dos céus nas palmas das mãos abertas (anjali) de uma mulher, que por sua vez o chamou de Patandjáli.
Nos documentos de Shadgurusishya pesquisados por Max Muller indicam cinco gerações de professores da tradição sânscrita, sendo o primeiro Shaunaka, seguido por Asvalayana, Katyayana, Patandjáli e finalmente Vyasa.
Virtualmente nada se sabe sobre a vida de Patandjáli, e algumas escolas acreditam que ele é totalmente ficcional.
 

Obras

Patāñjali tem a reputação de ser o autor do Yoga Sutra, bem como do comentário sobre a gramática do sânscrito por Pānini(Ashtadhyayi) que é conhecido Mahābhāsya ou Bhartrihari. Existem também muitos textos da Ayurveda atribuídos a ele. Mas quase todas as escolas acreditam atualmente que estes textos foram escritos por diferentes pessoas em diferentes eras.
 

Os Yoga Sutras

Os Yoga Sutras compilados por Patanjali provavelmente datam de 150 d.C.; formam uma grande obra contendo aforismos sobre a sua prática e da sua filosófia do Yoga.
O Yoga é uma das seis escolas da filosofia hindu, um sistema de meditação prática, ética e metafísica.
Patandjáli tem sido freqüentemente chamado de fundador da Yoga por causa deste trabalho; o Yoga Sutra é um tratado sobre o Raja Yoga, baseado na escola Samkhya e nas escrituras hindus do Bhagavad Gita.
Esta obra não faz referência à prática de sacrifícios como condição para a prática. Ao desmistificar este dogma, Patanjali propôs as bases do yoga clássico, se opondo ao yoga proto-histórico. 
Ele baseia seu trabalho nas Puranas, Vedas e Upanixades, sendo o mais brilhante tratado sobre as escrituras Hindus.
Ele também foi o criador do Ashtanga Yoga e do Raja yoga por literalmente descobrir os oito passos do yoga. Eles são os yamas, niyamas, asana, pranayama, pratyahara, dharana, dhyana e samadhi.

 

O Mahābhāsya

 

 

O Mahābhāsya ("grande comentário") de Patandjáli sobre o celebre Ashtadhyāyi de Panini, um dos três mais famosos tratados sobre a gramática sânscrita. Foi nele que Patandjáli, como lingüista da ciência indiana, alcançou sua verdadeira fama. O sistema estabeleceu em detalhes o shiksha ("fonéticalogia", incluindo a acentuação) e o vyakarana ("morfologia"). Sua sintaxe é memorável, mas sua nirukta ("etimologia") é discutível, e esta etimologia naturalmente leva a explicação da semântica. Intérpretes de seu trabalho dizem que ele é um defensor de Panini e opositor as idéias de Katyayana, atacando suas teorias muito severamente.

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Janaka

 

Na Índia antiga, Janaka (sânscrito: जनक, janaka) ou Raja Janaka (राजा जनक, rājā janaka) foi o rei do reino Mithila. Ele nasceu no Janakpur dos dias modernos, Nepal; ele é mencionado no Ramayana como pai de Sita, e também há referência a ele no Brihadaranyaka Upanishad, no Mahabharata e nos Puranas.
Janaka propôs um teste de força em que pretendentes competindo pela mão da sua filha em casamento teriam de quebrar o grande arco do deus Shiva. Rama passou nesse teste de força, e a filha de Janaka, Sita (também chamada de Janaki), casou-se com Rama e, juntos, eles foram morar em Ayodhya.
Janaka não era só um rei bravo, mas também era bem-versado nos shastras e nos Vedas como qualquer rishi. Ele era o amado pupilo de Yaajnavalkya, cuja exposição de Brahman ao rei forma um capítulo do Brihadaranyaka Upanishad. No Bhagavad Gita, Sri Krishna cita Janaka como um ilustre exemplo do Karma yoga.
O rei Janaka também era dito de ser um Rajarshi tendo avançado espiritualmente e atingido o estado de um rishi, apesar de ser um rei, administrador do reino de Mithila. Ele também era instruído pelo sábio Ashtavakra sobre a natureza do atman; essa exposição forma o conteúdo do famoso tratado Ashtavakra Gita.
De acordo com o épico Mahabharata, os Janakas eram uma raça de reis que governavam o reino Videha da sua capital Mithila. O pai de Sita (esposa de Rama) foi nomeada Siradwaja Janaka. O Mahabharata menciona muitos outros reis Janaka, que foram todos grandes estudiosos e que levavam a vida de um sábio, apesar de serem reis. Eles tiveram conversas religiosas com muitos sábios.

 O sonho do rei Janaka
Narração das Upanishads pelo Pandit Sudarshanjee

Uma vez, o rei Janaka, pai da princesa Sita, heroína do Ramayana, estava dormindo. Ele sonhou que o rei vizinho atacava seu reino e que acontecia uma guerra.
No sonho, ele foi capturado e o rei vitorioso lhe disse: “seu reino agora é meu. Ou ordeno que você deixe meu palácio”. Janaka pensou: “quem vai me ajudar agora?”


Ele saiu andando do palácio. Viu as portas das casas fechadas. Nenhum dos seus antigos súditos lhe deu comida, pois tinham medo de serem decapitados pelo rei vitorioso, conhecido pela crueldade.
Depois de cinco dias andando sem se alimentar, chegou à fronteira do reino. Já fora do país, pediu comida numa casa. O dono da casa lhe disse que havia um banquete público acontecendo perto daí.
Contudo, quando ele chegou, a comida tinha acabado. Voltou para a casa do homem, que tampouco tinha como alimentá-lo. Mas, lhe ofereceu um pouco de forragem de arroz com picles, a única coisa que pôde achar na casa. O rei comeu com vontade, e ficou feliz e aliviado.
Ao acordar do sonho, perguntou-se: “o que é verdade? O que vivi no sonho, ou o que estou vivendo agora?”
Seus assistentes ficaram preocupados, pois viam ele perguntando-se o tempo todo: “isto é a verdade ou aquilo é verdade?”

 http://www.exoticindia.com/books/yajnavalkya_idh111.jpg

Resolveram chamar o sábio Yajñavalkya para que pudesse ajudá-lo. O sábio lhe disse: “quando você estava comendo a forragem de arroz, este palácio era seu?”
“Não”, respondeu o rei.
“E, agora que você tem este palácio, aquela penúria existe?”
“Não”, disse Janaka.
“Então”, disse o sábio, “nem isto que você tem aqui era verdade no mundo do sonho, nem aquilo que parecia real no sonho é verdade no mundo da vigília.
“Porém, esse Ser que você é, estava presente no sonho, permaneceu presente durante o sono, e está presente agora, na vigília. ”

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Rei Janaka e sua filha

Metaforicamente, este conto nos fala sobre a contradição que existe entre os três estados de consciência. Por exemplo, eu posso ser uma pessoa de condição social muito humilde, mas sonho que sou um imperador. Por outro lado, a agitação característica da vigília ou do sonho, é anulada, por sua vez, pelo pacífico estado do sono profundo. Ou seja, não há continuidade entre os três estados.

Sendo esses estados transitórios, nenhum deles pode ser o Ser, assim como já foi demonstrado que ele não é nenhum dos corpos ou camadas. Não obstante, o Ser permanece durante a vigília, o sono e o sonho. O Ser estava presente no sono, permaneceu presente durante o sonho, e está presente no estado de vigília: você dorme, o Ser está presente; você sonha, o Ser está ainda presente; você acorda, o Ser ainda permanece. O Ser não vá embora quando você muda de estado de consciência.

A Verdade sobre o Ser não muda. Ela não é relativa, nem depende de condições externas. Nada pode entrar em contradição com ela, nem os estados de consciência, nem as experiências que temos neles, nem mais nada que possa depender do espaço-tempo. Resumindo, o Ser existe sempre, independentemente dos três estados de consciência.

Todas essas variedades de estados são dependentes do Ser e que elas não têm existência separada dele, que é ilimitado e eterno. Negando então todas as falsas identificações, superimposições e confusões, chegamos no conhecimento daquele Ser que é, foi e será. Existe uma conexão ente o fogo e a fumaça. Se houver fumaça, haverá fogo. Porém, não pode haver fumaça sem fogo. Similarmente, para haja manifestação, nascimento e vida humana, a presença do Ser e necessária.

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ISSO OU AQUILO É VERDADEIRO

Enquanto conversava com seus ministros e cortesãos, após o jantar, uma noite, o Rei Janaka se sentiu um pouco cansado e se retirou para seus aposentos. A rainha e os servos reais serviram o rei de várias maneiras e ele caiu no sono. Ao ver isso, a rainha fez um gesto aos servos para que se retirassem enquanto ela mesma se sentou perto do rei.

Depois de algum tempo, o rei, de repente, levantou-se e começou a repetir bem alto: “Isso ou aquilo é verdadeiro?”. A rainha ficou muito ansiosa e fez ao rei muitas perguntas. Porém, sem responder às suas perguntas, ele continuava a perguntar: “Isso ou aquilo é verdadeiro?”. Então, a rainha mandou os servos chamarem os ministros. Os ministros vieram e perguntaram ao rei qual era a dúvida.

Mas o rei continuava dando somente uma resposta: “Isso ou aquilo é verdadeiro?”. Os ministros, então, chamaram o Sábio Vasishtha. O sábio perguntou ao rei: “Oh, rei! O que aconteceu?”. Mesmo para a pergunta do Sábio Vasishtha, o rei deu a mesma resposta. O Sábio Vasishtha fechou os olhos e meditou. Como ele tinha o dom do conhecimento dos três períodos de tempo, passado, presente e futuro, ele veio a saber a realidade.

Ele disse: “O rei teve um sonho. O que ele viu no sonho foi o seguinte: Ele havia perdido seu reino e estava vagando em uma floresta. Na floresta, ele sentiu uma fome muito forte e começou a gritar: ‘Estou com fome. Estou com fome’. Um grupo de ladrões estava comendo alguma coisa por perto. Ao vê-lo, eles pensaram: que pena, este sujeito parece um rei! E eles lhe ofereceram algum alimento. Quando o rei estendeu as mãos para receber a comida oferecida pelos ladrões, uma águia voou para baixo e arrebatou a comida de suas mãos.
Como ele não foi capaz de proteger nem mesmo a comida que fora oferecida a ele, ele começou a gritar cada vez mais alto: ‘Estou com fome. Estou com fome’. Foi neste ponto que o rei acordou. Quando ele se levantou de seu sono, viu que estava deitado no sofá no quarto do palácio, enquanto, em seu sonho, ele estava vagando em uma floresta, gritando ‘Estou com fome. Estou com fome’. Portanto, ele queria saber o que era verdadeiro, isso ou aquilo”. O sábio deu esta informação a todos os que estavam presentes lá.
 


Em seu sonho, o Rei Janaka viu que estava desamparado e faminto em uma floresta.
Então, o Sábio Vasishtha se dirigiu ao rei e o conscientizou sobre a realidade, dizendo: “Oh, rei! Nem isso é verdadeiro nem aquilo é verdadeiro. O que é verdadeiro é você. Você estava lá no seu sonho e você também está lá no estado de vigília. Porém, o sonho não existe no estado de vigília e o estado de vigília não existe no sonho. O que existe em ambos os estados, no sonho e na vigília, é que é verdadeiro.”

O Sábio Vasishtha disse ao rei que nem o sonho nem o estado de vigília

eram verdadeiros. O que está presente em ambos os estados é verdadeiro.
No verdadeiro estado de renúncia, a vida é apenas um sonho. Sabendo que esse sonho pode desaparecer a qualquer momento, o homem deveria levar sua vida sem apego. Em seu sonho, o Rei Janaka viu que estava desamparado e faminto em uma floresta. O Sábio Vasishtha disse ao rei que nem o sonho nem o estado de vigília eram verdadeiros. O que está presente em ambos os estados é verdadeiro.

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                           Teresa de Ávila

 Santa Teresa de Ávila ou Teresa de Jesus (Gotarrendura, 28 de março de 1515Alba de Tormes, 4 de outubro de 1582) foi uma religiosa e escritora espanhola, famosa pela reforma que realizou na Ordem dos Carmelitas e pelas suas obras místicas. Foi proclamada Doutora da Igreja pelo Papa Paulo VI.

Santa Teresa de Ávila, O.C.D.
Santa Teresa de Ávila por Rubens
Freira Carmelita e Doutora da Igreja
Nascimento 28 de março de 1515 em Ávila
Morte 4 de outubro de 1582 em Alba de Tormes
Veneração por Igreja Católica
Canonização 1622, Roma por Papa Alexandre VII
Festa litúrgica 15 de Outubro
Padroeira professores
Gloriole.svg Portal dos Santos

Infância

Teresa de Cepeda e Ahumada nasceu na província de Ávila, Espanha, numa família da baixa nobreza. Seus pais chamavam-se Alonso Sánchez de Cepeda e Beatriz Dávila e Ahumada. Teresa refere-se a eles com muito carinho. Alonso teve três filhos de seu primeiro casamento. Beatriz deu-lhe outros nove.
Aos sete anos, gostava muito de ler histórias dos santos. Seu irmão Rodrigo tinha quase a sua idade, por isto costumavam brincar juntos. As duas crianças viviam pensando na eternidade, admiravam a coragem dos santos na conquista da glória eterna. Achavam que os mártires tinham alcançado a glória muito facilmente e decidiram partir para o país dos mouros com a esperança de morrer pela fé. Assim sendo, fugiram de casa, pedindo a Deus que lhes permitisse dar a vida por Cristo. Em Adaja encontraram um dos tios que os devolveu aos braços da aflita mãe. Quando esta os repreendeu, Rodrigo colocou toda a culpa na irmã. Com o fracasso de seus planos, Teresa e Rodrigo decidiram viver como ermitães na própria casa e construíram uma cela no jardim, sem nunca conseguir terminá-la. Desde então, Teresa amava a solidão.

Juventude

A mãe de Teresa faleceu quando esta tinha quatorze anos: "Quando me dei conta da perda que sofrera, comecei a entristecer-me. Então me dirigi a uma imagem de Nossa Senhora e supliquei com muitas lágrimas que me tomasse como sua filha". Quando completou quinze anos, o pai levou-a a estudar no Convento das Agostinianas de Ávila, para onde iam as jovens de sua classe social.
Um ano e meio mais tarde, Teresa adoeceu e seu pai a levou para casa. A jovem começou a pensar seriamente na vida religiosa que a atraía por um lado e a repugnava por outro. O que a ajudou na decisão foi a leitura das "Cartas" de São Jerônimo, cujo fervoroso realismo encontrou eco na alma de Teresa. A jovem comunica ao pai que desejava tornar-se religiosa, mas este pediu-lhe para esperar que ele morresse para ingressar no convento. No entanto, em uma madrugada, com 20 anos, a santa fugiu para o Convento Carmelita de Encarnación, em Ávila, com a intenção de não voltar para casa.

Vida religiosa

Teresa ficou no Convento da Encarnação. Tinha 20 anos. Seu pai, ao vê-la tão decidida, deixou de opor-se à sua vocação. Um ano depois fez a profissão dos votos. Pouco depois, piorou de uma enfermidade que começara a molestá-la antes de professar. Seu pai a retirou do convento. A irmã Joana Suárez acompanhou Teresa para ajudá-la. Os médicos, apesar de todos os tratamentos, deram-se por vencidos e a enfermidade, provavelmente impaludismo (malária), se agravou. Teresa conseguiu suportar aquele sofrimento, graças a um livrinho que lhe fora dado de presente por seu tio Pedro: "O terceiro alfabeto espiritual", do Padre Francisco de Osuna. Teresa seguiu as instruções da pequena obra e começou a praticar a oração mental. Finalmente, após três anos, ela recuperou a saúde e retornou ao Carmelo.
Sua prudência, amabilidade e caridade conquistavam a todos. Segundo o costume dos conventos espanhóis da época, as religiosas podiam receber todos os visitantes que desejassem, a qualquer hora. Teresa passava grande parte de seu tempo conversando no locutório. Isto a levou a descuidar-se da oração mental. Vivia desculpando-se dizendo que suas enfermidades a impediam de meditar.
Pouco depois da morte de seu pai, o confessor de Teresa fê-la ver o perigo em que se achava sua alma e aconselhou-a a voltar à prática da oração. Desde então, a santa jamais a abandonou. No entanto, ainda não se decidira a entregar-se totalmente a Deus nem a renunciar totalmente às horas que passava no locutório trocando conversas e presentes com os visitantes. Curioso notar que, em todos estes anos de indecisão no serviço de Deus, Santa Teresa jamais se cansava de prestar atenção aos sermões, "por piores que fossem".
Cada vez mais convencida de sua indignidade, Teresa invocava com frequência os grandes santos penitentes, Santo Agostinho e Santa Maria Madalena, aos quais estão associados dois fatos que foram decisivos na vida da santa. O primeiro foi a leitura das "Confissões" de Santo Agostinho. O segundo foi um chamamento à penitência que ela experimentou diante de um quadro da Paixão do Senhor: "Senti que Santa Maria Madalena vinha em meu socorro... e desde então muito progredi na vida espiritual". Sentia-se muito atraída pelas imagens de Cristo ensangüentado em agonia. Certa ocasião, ao deter-se sob um crucifixo muito ensanguentado, perguntou: "Senhor, quem vos colocou aí?" Pareceu-lhe ouvir uma voz: "Foram tuas conversas no parlatório que me puseram aqui, Teresa". Ela chorou muito e a partir de então não voltou a perder tempo com conversas inúteis e nas amizades que não a levavam à santidade.
As Carmelitas, como a maioria das religiosas, desde os princípios do século XVI, já haviam perdido o primeiro fervor. Já vimos que os locutórios dos conventos de Ávila eram uma espécie de centro de reunião para damas e cavalheiros de toda a cidade. As religiosas saíam da clausura pelo menor pretexto. Os conventos eram lugares ideais para quem desejava uma vida fácil e sem problemas. As comunidades eram muito numerosas. O Convento da Encarnação possuía quase 200 religiosas.
Cquote1.svg Só o amor dá valor a todas as coisas. E o mais necessário é que seja grande o bastante para que nenhuma coisa o estorve. Cquote2.svg
Teresa de Ávila

Reformadora e fundadora

Já que esta situação era aceite como normal, as religiosas não se davam conta de que o seu modo de vida estava muito distante do espírito de seus fundadores. Assim, quando uma sobrinha de Santa Teresa, também religiosa no Convento da Encarnação, lhe deu a ideia de fundar uma comunidade reduzida, a santa, que já estava há 25 anos naquele convento, resolveu colocar em prática o plano.
São Pedro de Alcântara, São Luís Beltrán e o bispo de Ávila aprovaram o projeto. O provincial dos Carmelitas, Pe. Gregório Fernández, autorizou Teresa a colocar seu plano em prática. Contudo, a execução do projeto causou muitos comentários e o provincial retirou a permissão. Santa Teresa foi criticada pelos nobres, pelos magistrados, pelo povo e até por suas próprias irmãs. Apesar disso tudo, o dominicano Pe. Ibañez incentivou Teresa a prosseguir seu projeto.
São Pedro de Alcântara, Dom Francisco de Salcedo e o Pe. Gaspar Daza conseguiram que o bispo tomasse a causa da fundação do novo convento para si. Eis que chega de Roma a autorização para se criar a nova casa religiosa, o que ocorreu no dia de São Bartolomeu, em 1562. Durante a missa receberam o véu a sobrinha da santa e outras três noviças.
A inauguração causou grande rebuliço em Ávila. Nesta mesma tarde, a superiora do Convento da Encarnação mandou chamar Teresa e a santa a procurou com certo temor, pensando que iam encarcerá-la. Teve que explicar sua conduta à superiora e ao Pe. Angel de Salazar, provincial da Ordem. A Santa reconhece que não faltava razão a seus superiores por estarem desgostosos. Mesmo assim, o Pe. Salazar lhe prometeu que ela poderia retornar ao Convento de São José logo que se acalmassem os ânimos da população.
A fundação não era bem vista em Ávila, porque as pessoas desconfiavam das novidades e temiam que um convento sem recursos se transformasse em um peso para a cidade. O prefeito e os magistrados teriam mandado demolir o convento, se não tivessem sido dissuadidos pelo dominicano Bañez. Santa Teresa não perdeu a paz em meio às perseguições e prosseguiu colocando a obra nas mãos de Deus.
Francisco de Salcedo e outros partidários da fundação enviaram à corte um sacerdote que defendesse a causa diante do rei. Os dois dominicanos Báñez e Ibáñez acalmaram o bispo e o provincial. Pouco a pouco a tempestade foi-se acalmando. Quatro meses depois, o Pe. Salazar permitiu que Santa Teresa e suas quatro religiosas retornassem ao Convento de São José.
Teresa estabeleceu em seu convento a mais estrita clausura e o silêncio quase perpétuo. A comunidade vivia na maior pobreza. As religiosas vestiam hábitos toscos, usavam sandálias em vez de sapatos (por isso foram chamadas "descalças") e eram obrigadas a abstinência perpétua de carne. A fundadora, a princípio, não aceitou comunidades com mais de treze religiosas. Mais tarde, nos conventos que possuiam alguma renda, aceitou que residissem vinte monjas.
A grande mística Teresa não descuidava das coisas práticas. Sabia utilizar as coisas materiais para o serviço de Deus. Certa ocasião disse: "Teresa sem a graça de Deus é uma pobre mulher; com a graça de Deus, uma fortaleza; com a graça de Deus e muito dinheiro, uma potência".
Encontrou certo dia em Medina del Campo dois frades carmelitas que estavam dispostos a abraçar a Reforma: Antonio de Jesús de Heredia, superior, e Juan de Yepes, que seria o futuro São João da Cruz.
Aproveitando a primeira oportunidade, ela fundou um conventinho de frades em Duruelo em 1568. Em 1569 fundou o de Pastrana. Em ambos reinava a maior pobreza e austeridade. Santa Teresa deixou o resto das fundações de conventos de frades a cargo de São João da Cruz. Depois de muitas lutas, incompreensões e perseguições, obteve de Roma uma ordem que eximia os Carmelitas Descalços da jurisdição do Provincial dos Calçados.
Em 1580, quando estabeleceu-se a separação entre os dois ramos da Ordem do Carmo, Santa Teresa de Ávila tinha 65 anos e sua saúde estava muito debilitada. Nos últimos anos de sua vida fundou outros dois conventos. As fundações da Santa não eram simplesmente um refúgio das almas contemplativas, mas também uma espécie de reparação pelos destroços causados nos mosteiros pelo protestantismo, principalmente na Inglaterra e na Alemanha.

A morte

Na fundação do convento de Burgos, que foi a última, as dificuldades não diminuiram. Em julho de 1582, quando o convento já ia com suas obras adiantadas, Santa Teresa tinha intenção de retornar a Ávila, mas viu-se forçada a mudar seus planos para ir a Alba de Tormes visitar a duquesa Maria Henríquez. A Beata Ana de São Bartolomeu afirmou que a viagem não estava bem programada e que a Santa estava tão fraca que desmaiou no caminho. Certa noite só puderam comer alguns figos. Chegando a Alba, Teresa teve que deitar-se imediatamente. Três dias depois, disse à Beata Ana de São Bartolomeu: "Finalmente, minha filha, chegou a hora de minha morte". O Pe. Antonio de Heredia ministrou-lhe os últimos sacramentos. Quando o mesmo padre levou-lhe o viático, a Santa conseguiu erguer-se do leito e exclamou: "Oh, Senhor, por fim chegou a hora de nos vermos face a face!" Ela morreu às 9 horas da noite de 4 de outubro de 1582. Exatamente no dia seguinte efetuou-se a Mudança para o calendário gregoriano, que suprimiu dez dias, de modo que a festa da santa foi fixada, mais tarde, para o dia 15 de outubro. Foi sepultada em Alba de Tormes, onde repousam suas relíquias.
Teresa é uma das maiores personalidades da mística católica de todos os tempos. Suas obras, especialmente as mais conhecidas (Livro da Vida, Caminho de Perfeição, Moradas e Fundações), contém uma doutrina que abraça toda a vida da alma, desde os primeiros passos até à intimidade com Deus no centro do Castelo Interior. Suas cartas no-la mostram absorvida com os problemas mais triviais. Sua doutrina sobre a união da alma com Deus é bem firmada na trilha da espiritualidade carmelita, que ela tão notavelmente soube enriquecer e transmitir, não apenas a seus irmãos, filhos e filhas espirituais, mas à toda Igreja, à qual serviu fiel e generosamente. Ao morrer sua alegria foi poder afirmar: "Morro como filha da Igreja".
Foi canonizada em 1622. No dia 27 de setembro de 1970, o Papa Paulo VI conferiu-lhe o título de Doutora da Igreja.
Santa Teresa de Ávila é considerada um dos maiores gênios que a humanidade já produziu. Mesmo ateus e livres-pensadores são obrigados a enaltecer sua viva e arguta inteligência, a força persuasiva de seus argumentos, seu estilo vivo e atraente e seu profundo bom senso. O grande Doutor da Igreja, Santo Afonso Maria de Ligório, a tinha em tão alta estima que a escolheu como patrona, e a ela consagrou-se como filho espiritual, enaltecendo-a em muitos de seus escritos.
Sua festa é comemorada no dia 15 de outubro.

Cronologia 

  • 1515 - Nascimento de Teresa de Ahumada y Cepeda.
  • 1519 - Nascimento de Lourenço de Cepeda.
  • 1521 - Nascimento de Pedro de Cepeda.
  • 1522 - Teresa foge com seu irmão Rodrigo e nascimento de Jerônimo de Cepeda.
  • 1527 - Nascimento de Agostinho de Cepeda.
  • 1528 - Nascimento de Joana de Cepeda e morte de D. Beatriz de Ahumada.
  • 1531 - Teresa entra como aluna interna na convento de Nossa Senhora da Graça.
  • 1532 - Fernando de Cepeda parte para Ultramar. Teresa adoece e volta para a casa do pai.
  • 1535 - Rodrigo de Cepeda parte para Ultramar.
  • 1536 - Teresa entra no Convento da Encarnação e toma o hábito a 2 de novembro.
  • 1537 - Adoece gravemente. Professa como freira a 3 de novembro.
  • 1538 - Parte para Castellanos de la Cañada e cura em Becedas. Ao voltar sofre um ataque e é considerada morta.
  • 1540 - Lourenço, Jerônimo e Pedro de Cepeda embarcam para o Peru. Teresa recobra a saúde.
  • 1541 - Filipe II sobe ao trono das Espanhas, Inácio de Loyola é escolhido Geral dos Jesuítas e Michelângelo pinta o Juízo Final.
  • 1542 - Nasce S. João da Cruz.
  • 1543 - Morre D. Alonso de Cepeda.
  • 1545 - Abre-se o Concílio de Trento.
  • 1546 - Morre Antônio de Cepeda em Iñaquito, Peru.
  • 1553 - Reconversão de Teresa.
  • 1554 - Teresa encontra-se com Francisco de Borja. Os jesuítas instalam-se em Ávila.
  • 1557 - Morte de Rodrigo de Cepeda no Chile.
  • 1558 - Teresa encontra-se com São Pedro de Alcântara.
  • 1560 - Teresa e suas companheiras resolvem fundar um convento conforme a a Regra primitiva do Carmelo.
  • 1561 - Iniciam os trâmitos para o futuro convento de S. José de Ávila.
  • 1562 - Teresa permanece algum tempo na casa de D. Luísa de la Cerda, em Toledo; em junho termina a primeira redação do Livro da Vida. Em 24 de agosto funda o convento de São José e regressa à Encarnação.
  • 1563 - Sai do convento da Encarnação e passa a residir no de São José. Encerra-se o Concílio de Trento.
  • 1565 - Fernando de Cepeda morre na Colômbia.
  • 1567 - Chega a Ávila o Padre Rubeo e dá a Teresa autorização para fundar mosteiros de freiras e frades. Fundação do Mosteiro de Medina del Campo em 15 de agosto. Primeiro encontro de Teresa com João da Cruz.
  • 1568 - Redação das Constituições da carmelitas descalças. Fundação dos conventos de Malagón, 11 de abril e Valladolid, 15 de agosto; João da Cruz funda o primeiro convento dos frades carmelitas descalços em Duruelo em 28 de novembro.
  • 1569 - Fundação dos conventos de descalços em Toledo, 14 de maio e em Pastrana, de freiras em 9 de julho e frades em 13 de julho.
  • 1570 - Fundação do convento de Salamanca, no dia de São Miguel.
  • 1571 - Fundação do convento de Alba de Tormes, 25 de janeiro, torna-se superiora do convento de Medina del Campo e a 6 de outubro do da Encarnação.
  • 1572 - João da Cruz torna-se capelão do convento da Encarnação. Teresa começa a redigir os Conceitos do amor de Deus.
  • 1573 - Teresa assina e garante a conformidade da cópia do Caminho de Perfeição. Pe. Gracián professa em Pastrana. A princesa de Éboli instala-se como "noviça" no convento de Pastrana.
  • 1574 - Fundação do convento em Segóvia, 19 de março.
  • 1575 - Fundação o convento de Beas, 24 de fevereiro; início das lutas entre calçados e descalços; fundação do convento de Sevilha; Teresa recebe pelo Pe. Ângelo Salazar ordem do Capítulo Geral dos Carmelitas para se retirar para um mosteiro e deixar as fundações.
  • 1576 - Fundação do convento de Caravaca por Ana de Santo Alberto. A 4 de junho Teresa sai de Sevilha e instala-se no convento de Toledo. Retoma o livro das Fundações e escreve o modo de visitar os conventos. Intensificam-se as perseguições.
  • 1577 - Teresa começa a escrever o Castelo interior, que será terminado em 5 de novembro, en fins de julho chega a Ávila. Cinquenta freiras da Encarnação são excomungadas; São João da Cruz é raptado na noite de 3 para 4 de novembro. Teresa cai e quebra um braço em 24 de dezembro.
  • 1578 - Morte do Pe. Rubeo, superior geral do Carmelo; um decreto do Núncio subordina os carmelitas descalços aos calçados.
  • 1579 - O Núncio retira dos mitigados o seu poder sobre os descalços. Fim das perseguições.
  • 1580 - Fundação do convento de Villanueva de la Jara, 21 de fevereiro. Teresa encontra-se gravemente enferma em Toledo, depois em Valladolid. Morte de Lourenço de Cepeda. Fundação do convento de Palência, 29 de dezembro.
  • 1582 - Inauguração do convento de Burgos, 19 de abril. Em 4 de outubro, às 9 horas da noite Teresa falece no convento de Alba de Tormes. Neste ano o Papa Gregório XIII reforma o calendário.

Ver também

 
 

 

 



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